MAU HUMOR!!!
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Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na
Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo o cara que tem mania
de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato. Num outro
artigo alguém escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de
boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho. Joaquim Ferreira dos
Santos, em "O Globo" de domingo, fala do seu profundo preconceito com
quem usa "agregar valor". Eu posso jurar que toda mulher que anda
permanentemente com uma garrafinha de água e fica mamando de segundo em segundo
é uma chata. São preconceitos, eu sei. Mas cada vez mais a vida está
confirmando estas conclusões.
Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de
babaquice é usar o paletó nos ombros, sem os braços nas mangas. Por incrível
que pareça, não consegui desmentir. Pode ser coincidência, mas até agora todo
cara que eu me lembro de ter visto usando o paletó colocado sobre os ombros é
muito babaca.
Já que estamos nessa onda, me responda uma coisa: você
conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável? O sujeito ou
sujeita que adora uma granola, só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à
simples menção da palavra "carne", fica falando o tempo todo em vida
saudável é seu ideal como companhia numa madrugada? Sei lá, não sei. Não
consigo me lembrar de ninguém assim que tenha me despertado muita paixão.
Eu ando detestando certos vícios de linguagem, do tipo
"chegar junto", "superar limites", essas bobagens que
lembram papo de concorrente a big brother. Mais uma vez, repito: acho puro
preconceito, idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a
gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar algumas antipatias
gratuitas.
Tem gente que a gente não gosta logo de saída, sem saber
direito por quê. Vai ver que transmite algum sintoma de chatice. Tom de voz de
operador de telemarketing lendo o script na tela do computador e repetindo a cada
cinco palavras a expressão "senhoooorrr" me irrita profundamente.
Se algum dia eu matar alguém, existe imensa possibilidade de
ser um flanelinha. Não posso ver um deles que o sangue sobe à cabeça. Deus que
me perdoe, me livre e me guarde, mas tenho raiva menor do assaltante do que do
cara que fica na frente do meu carro fazendo gestos desesperados tentando me
ajudar em alguma manobra, como se tivesse comprado a rua e tivesse todo o
direito de me cobrar pela vaga.
Sei que estou ficando velho e ranzinza, mas o que se há de
fazer? Não suporto especialista em motivação de pessoal que obrigue as pessoas
a pagarem o mico de ficar segurando na mão do vizinho, com os olhos fechados e
tentando receber "energia positiva".
Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários
e tem uma boa e honesta política de pessoal não precisa contratar palestras de
motivação para seus empregados. Eles se motivam com a grana no fim do mês e com
a satisfação de trabalhar numa boa empresa.
Que me perdoem todos os palestrantes que estão ficando ricos
percorrendo o país, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra
putaria. E para terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida
inteligente numa criatura que se despede mandando "um beijo no coração"?
Lula Vieira - publicitário
(ISSO É MAIS DO QUE UM FATO CONCORDO PLENAMENTE COM ESTE TEXTO.)
*Angela Guedes
Comentários
Muito bom!
Só que o Lula Vieira quando fala para o publico tb é cheio de vícios de linguagem.
Bjs.