CONSOLO NA PRAIA

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
Carlos Drummond de Andrade




Comentários

José Lopes disse…
O poema de Drummond encaixa na perfeição com o perfil da dona deste espaço. Afinal os obstáculos são a vida, ou pelo menos parte dela.
Cumps
Daniel Costa disse…
Angela

Aprecia-se Drummond de Andrade, porque é uma sumidade em poesia.
Gostei de rever e está patente o bom gosto de quem selecciona e divulga.
Beijo,
Daniel
Unknown disse…
Se a gente quiser tem sempre a mocidade e uma criança que grita dentro de nós, prontinha para sair e brincar ;)
beijinhos amiga
Unknown disse…
Amemos! Gozemos da hora fugitiva! O homem não tem porto, o tempo não tem praias; corre e nós passamos ...

Jinhos querida amiga.
MARIA disse…
Olá Ângela, muito obrigada uma vez mais.
Continuo a ter algumas dificuldades em aceder ao seu lindo espaço, não compreendo bem porque será.
Quanto ao poema que escolheu é lindo, como a autora deste blog que mantém na alma a capacidade de se encantar como uma menina em face das primeiras e mais bonitas descobertas da vida.

Um beijinho amigo e muito obrigada.
Oi,amiga!Uma beleza de escolha!
"À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido."

É murmurar e seguir em frente,principlamente se tivermos um cão!!!

Lindíssima escolha!!!

Beijos com muito carinho!!!Sonia Regina.

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